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Estamos criando bem os filhos dessa geração?

A criança nasce indefesa e o papel da mãe é oferecer um suporte suficiente, percebendo e satisfazendo as necessidades do bebê.

A mãe suficientemente boa não precisa ser necessariamente a mulher que gerou o filho, mas atendeu e ofereceu atenção e seguindo o desenvolvimento, não o atendeu insatisfatoriamente ou excessivamente.

A Mãe na visão do bebê é fragmentada, e essa precisa exercer 3 funções: a apresentação do objeto, o seio ou a mamadeira; o Holding, a sustentação, proteger o bebê do perigo cotidiano; Handing a manipulação dos cuidados táteis.

Acredito que sim, existe um despreparo, uma ansiedade no querer um filho e estar prontamente para as suas necessidades, emocionais e físicas, pois demanda tempo e tranquilidade.

Entendo que um filho vem muito além de um planejamento, mas estar atento às suas necessidades. Hoje os pais estão com pressa, nas demandas pessoais e profissionais, todos muito conectados com o mundo externo e desconectados com o seu “eu”. Crianças e Pais acelerados, cansados e estressados.

Li, um artigo que reproduz exatamente o que penso, viemos de uma geração que foi educada com muita rigidez, castração, e criança era criança. Não havia a liberdade do diálogo na relação entre pais e filhos, a mulher era entendida como a cuidadora primordial, da casa e dos filhos, enquanto o Pai era o provedor. O texto de Içami Tiba, fala de uma geração, atual de vidro. Antigamente o Pai sentado à mesa comia as partes mais nobres do frango, por ser o provedor, enquanto as partes menos nobres ficavam para os filhos, em contramão com os dias atuais que o melhor é oferecido ao filho, carnes, tecnologia, estudo, em fuga a uma culpa pela ausência, oferecendo a seus filhos uma educação formal impecável, porém mal-educados no dia a dia, imaturos emocionalmente, e despreparados para o insucesso, por uma superproteção e a falta de limites e a frustação. Supervalorizando o “bem-estar” dos filhos acima de regras, limites. Pensando que hoje os filhos têm o domínio dos Pais.

Içami Tiba, sinaliza “Dar poder a quem não tem competência é ter que submeter à tirania das vontades. Foi o que aconteceu com nossos filhos. Por não queremos reprimi-los, cerceá-los, traumatizá-los, submetemos às suas vontades. Os filhos por absoluta falta de competência de administrar seus desejos, transformaram-se em pequenos tiranos, apesar de amados.”

Educar um filho, demanda tempo, questões na formação da nossa personalidade, e hoje com a superestimulação deixamos de ser, os pais, os protagonistas da criação. Carlos Neto, pesquisador português, cita o sedentarismo, causado pelo medo dos Pais em expor seus filhos aos perigos, como se fossem feitos de vidro ou porcelana, sempre com receio que possam se quebrar ao mínimo esforço, invalidando e anulando o filho na sua real capacidade.

 Submetendo nossos filhos ao isolamento, as tecnologias, pois lidar com pessoas “gera conflitos”, e conflitos fazem os filhos sofrerem e sofremos junto, então melhor afastá-los de interações, por ser mais cômodo para ambos, não entendendo o risco dessas atitudes que nomeamos como proteção mais nocivas a experimentarem a dificuldade da construção de relações.

Rog Asghar, crítica o excesso de estímulos, “Será que estamos criando jovens incapazes”, que chama essa geração de ‘N”, salientando uma geração altamente narcisista, atribuindo cinco características: não tem noção de limite, acham que são merecedores de tudo, não sabem se esforçar para conseguir algo, não sabem como agir em situações adversas. São criados por narcisistas, que competem entre si e não respeitam os outros.

“A mãe suficientemente boa começa com uma adaptação quase que completa às necessidades do bebê, mas, à medida que o tempo passa, se adapta menos e de modo gradativamente menos completo, de acordo com a crescente capacidade de ele lidar com o seu fracasso.” Donald Woods Winnicott

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